Um conjunto de ilhas é formado no delta do rio Jacuí, junto a cidade de Porto Alegre. Nessa região pobre da cidade a ocupação se organizou junto a autopista que corta as ilhas, criando uma situação de ocupações irregulares lineares ao longo de uma área de preservação ambiental. O interesse no projeto surge da interface entre risco social e risco ambiental e busca propor uma forma de ordenar a ocupação, promover coesão social e produzir recursos renováveis para a população como forma de equalizar a questão socioambiental.
A ideia de paisagem como infraestrutura e infraestrutura como paisagem direciona o projeto ao uso dos espaços residuais que se acumulam ao longo da estrada que corta o território. São pontos de convergência entre potenciais e riscos que formam nós de interesse socioambiental. A relação com o rio, a economia da reciclagem desordenada e a expansão territorial em direção a uma área de preservação culminam em profunda desordem urbana e consequentemente risco para a população, falta de infraestrutura e habitabilidade dos espaços públicos.
Imagina-se então usar esses pontos de confluência para inserir elementos de micromobilidade, participação digital, conforto e recuperação ambiental e uma estrutura de alimentação energética do bairro. Nestas bordas os dispositivos ambientais devem mediar a relação da população com a natureza e com o espaço público através de projetos de ocupação sugerida pela população. Esta rede de equipamentos urbanos catalisadores e a ativação de infraestruturas centralizam a proposta de programação do invisível, a ocupação do vazio de forma não invasiva.
A intervenção pretende se estender pelo período dos próximos 100 anos para acomodar-se às mudanças climáticas e investigar uma forma de coexistência entre a população e a forma dominante de natureza que se apresentará no fim do século. Para isto, a infraestrutura é forma fundamental de entendimento do lugar e produção de coesão social, ambiental e econômica.